Comecei Our Generation com altas expectativas, principalmente porque o casal protagonista já havia brilhado em The Princess Royal. Infelizmente, a série me entregou um romance superficial, personagens mal trabalhados e uma narrativa que reforça estereótipos prejudiciais sobre relacionamentos.
A história de Du Shang: um arco esquecido
Logo no início, a trama sugere violência doméstica na família de Du Shang — um tema sério, que poderia ter sido explorado de forma profunda. Porém, rapidamente tudo é ignorado: o pai reaparece como se nada tivesse acontecido, sem encerramento emocional ou acompanhamento narrativo. É um exemplo claro de roteiro que varre questões importantes para debaixo do tapete.
Qiao Xi: potencial desperdiçado
Qiao Xi tinha tudo para ser um personagem marcante. Ele representa a criança que cresce com um “tanque de amor” vazio: pais fisicamente presentes, mas emocionalmente ausentes.
Essa negligência emocional molda sua vida — e explica por que o amor genuíno de Ying Tao o assusta tanto. Para ele, afeto parece perigo.
Mas, apesar desse potencial dramático, a série nunca aprofunda o personagem. Suas ações raramente mostram amor por Ying Tao; em muitos momentos, parece que ele só inicia um relacionamento por pena.
Ying Tao: uma protagonista rasa e dependente
Ying Tao cresceu cercada de afeto e, por isso, tem capacidade de amar profundamente. No entanto, o roteiro a transforma em uma personagem que gira 100% em torno de Qiao Xi.
Ela abandona amigos, negligencia a si mesma, compromete seu futuro e sempre volta para ele — mesmo após abandonos repetidos.
É frustrante ver, em pleno 2025, protagonistas femininas que reforçam a ideia de que o valor de uma mulher está ligado à validação masculina, em vez de mostrar respeito próprio, independência e maturidade emocional.
Romance inexistente e falta de construção
A série parte do pressuposto de que Ying Tao e Qiao Xi se gostam desde crianças, mas nunca explica o porquê.
Não há construção de romance, química ou gestos que sustentem o relacionamento — apenas diálogos afirmando que existe amor. Quando ficam juntos, é mais porque Ying Tao insiste do que por desejo genuíno de Qiao Xi.
Personagens secundários e comunidade
As melhores qualidades de Our Generation estão nos personagens secundários e na comunidade de adultos que apoia o grupo. O amigo piloto, por exemplo, é mais cativante que o próprio protagonista masculino — a ponto de me fazer torcer por ele com a protagonista.
Problemas técnicos
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Roteiro: fraco e cheio de pontas soltas.
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Edição: fragmentada, prejudicando a imersão.
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OST: esquecível.
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Química: inexistente; Ying Tao e Qiao Xi mais parecem irmãos.
Our Generation poderia ter sido um drama sobre cura emocional, relacionamentos saudáveis e crescimento pessoal. Em vez disso, entregou um romance tóxico, um protagonista masculino egoísta, uma protagonista feminina dependente e um roteiro que desperdiça potencial.
Uma série que até entretém, mas que fica muito aquém do que prometia — especialmente para quem esperava a mesma química de The Princess Royal.
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